O cão da auxiliar de enfermagem espanhola infectada com o vírus ebola foi sacrificado na quarta-feira (08/10/2014) por decisão das autoridades. Excalibur, como é chamado o cachorro, foi protagonista de uma petição na página na internetChange.org, que registrava na tarde desta quarta-feira 374 mil assinaturas. Nela, era pedido que fosse colocado em quarentena ao invés de ser sacrificado, destacando que não se tratava apenas de um animal, mas de “um membro da família”.
Sua dona, uma auxiliar de enfermagem de 44 anos, foi hospitalizada na segunda-feira depois de ser diagnosticada com ebola. Ela fazia parte da equipe médica que tratou de dois missionários espanhóis, repatriados da África, que morreram com a doença em Madri, em 12 de agosto e em 25 de setembro, respectivamente.
O marido da paciente também tentou impedir que sacrificassem o animal. Ele enviou uma mensagem à associação Amigas X Los Animales (AXLA) por meio de amigos e pediu que divulgassem nas redes sociais. No texto, o homem relatava que o governo de Madri queria sacrificar seu cachorro à força. A postagem feita pela página do grupo de proteção aos animais no Facebook foi grande, sendo ampliada por outras instituições.
O governo regional de Madri alegou que o cachorro representava “um possível risco de transmissão da doença para o homem”. O comunicado emitido pelo governo explica que “o animal foi sedado para evitar sofrimento”.
O serviço de Saúde do governo madrilenho se justificou dizendo que os cães podem ser portadores do vírus, sem apresentar os sintomas da doença.
— Não existe garantia de que os animais infectados não eliminam o vírus através de seus fluidos orgânicos, com risco potencial de contágio — acrescenta o texto.
A febre hemorrágica provocada pelo vírus ebola matou mais de 3,8 mil, em mais de 8 mil casos detectados em cinco países do oeste da África (Serra Leoa, Guiné, Libéria, Nigéria e Senegal), segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizado até 5 de outubro e publicado nesta quarta-feira, em Genebra (Suíça), onde fica a sede da entidade.
O primeiro paciente diagnosticado com ebola morreu nos Estados Unidos nesta quarta-feira. Thomas Eric Duncan era um cidadão liberiano, que viajou em setembro para visitar a família que reside no Texas, quando apresentou os sintomas da doença. O governo dos EUA determinou que os cinco principais aeroportos do país intensifiquem os testes com passageiros que venham do oeste africano, a fim de evitar novos casos do vírus.
Protestos em favor de Excalibur
A eutanásia do cão gerou protestos de ativistas de defesa dos animais em frente à casa da paciente. Ativistas de defesa dos animais tentaram evitar a captura de Excalibur, protagonista de uma campanha de apoio nas redes sociais.
Manifestantes carregavam cartazes com os dizeres “Excalibur, o mundo está com você”
Foto: Curto De La Torre/AFP
Um furgão veterinário levou o cão por volta das 18h30min locais (13h30min de Brasília), após horas de espera e de um protesto destes ativistas, que exibiam cartazes com frases como “Excalibur, the world is with you” (Excalibur, o mundo está com você).
Duas pessoas ficaram feridas, entre elas um militante de 30 anos que foi socorrido com traumatismo craniano, informou o serviço regional de emergência. A polícia disse não ter registro de feridos.
* Zero Hora, com agências