O genoma é o código genético que possui toda a informação hereditária de um ser vivo no DNA. O melhor amigo do homem teve seu genoma sequenciado pelos cientistas, pois assim eles podiam descobrir a “receita” por trás de cada característica entre as raças caninas e de muitos outros animais, inclusive do próprio homem. A convivência entre cães e humanos tem mais de 10.000 anos, quando se iniciou o processo que moldou as características específicas mais benéficas dentre os cães selvagens através da seleção artificial.
O processo de criação de novas raças ainda é o mesmo atualmente e a cada geração, os animais com características desejadas ou mais bem adaptadas a determinada tarefa são escolhidos para o acasalamento. Atualmente existem cerca de 500 raças de cães registradas, o que compõem a maior variedade de tamanhos e portes numa mesma espécie do reino animal.
No entanto, o homem cometeu um erro grande nessa busca por cães com detalhes perfeitos. Para garantir os aspectos desejados, os animais com alto grau de parentesco eram cruzados e quando isso ocorre, multiplica-se o risco de surgirem doenças por pouca variação genética entre os indivíduos. Os rottweiler, por exemplo, tem alta incidência de problemas na articulação coxofemoral (entre pelve e fêmur) por terem sido cruzados diversas vezes com parentes próximos.
Tratando-se de medicina, as histórias evolutivas dos humanos e dos cães são paralelas, o que fazem ambos compartilharem diversas doenças genéticas. Então, o sequenciamento de genoma dos cães também é uma forma de conhecer melhor a saúde humana, porque dentre as 370 doenças genéticas caninas conhecidas, 222 também acometem os humanos, como a epilepsia, surdez, cegueira, malformações ósseas, alguns tipos de câncer, dentre outros.
Por isso, foi possível descobrir que quase 90% do DNA canino é absolutamente idêntico ao humano e essa semelhança torna o mapeamento importante para o tratamento de doenças em ambos. Com o sequenciamento, é possível conhecer os genes responsáveis por causar essas doenças que acometem os cães e pegar um atalho mais barato e bem eficiente para descobrir os genes equivalentes no DNA humano. Lembrando que o sequenciamento genético não prejudica em nada o animal, porque é feito com apenas uma pequena amostra de pelo, sangue ou tecido animal.
As pesquisas feitas para descobrir os genes responsáveis pelas doenças genéticas específicas em algumas raças é extremamente mais fácil de ser descoberta nos cães do que no homem, porque se manifestam frequentemente em espécimes da mesma raça. Os donos e criadores de cães de raça pura devem ficar felizes com essa notícia, porque se todas essas doenças forem identificadas, será possível fazer o caminho inverso e eliminá-las por cruzamento seletivo, trazendo um grande avanço para a saúde de todos.
Equipe Núcleo Vet